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Volta, Freud! Volta Piaget!

Fato da vida real:
Domingo calmo; dia de visitar a família. Aninha, de 7 anos, desfila pela casa sacudindo no ar uma nota de 5 Reais. Eu acho estranho e …
_ De quem é esse dinheiro, Aninha?
_ Meu.
_ Quem te deu?
_ Eu achei.
_ Achou onde?
_ Achei, tia (já brava).
Desconfiada, prossigo com a investigação…
_ Você não pegou da minha bolsa, né?
Ela me fuzila com o olhar e faz pose de indignação (mão esquerda na cintura e corpo curvado pra direita) e diz!
_ Eu ia pegar dinheiro da sua bolsa, tia?
Adorei a indignação dela: revela brio e vergonha na cara. Nesse momento, Felipe, de três anos… eu disse três anos de idade, intervém em defesa da irmã:
_ Mas tia, tem dinheiro na sua bolsa?
Percebo a armadilha e fico calada. Ele insiste:
_ Tem dinheiro na sua bolsa, tia? Tem ou não? (ele adora essa colocação incisiva, tem ou não, vai ou não, quer ou não; não permite embromação)
Ataco de Tio Patinhas e respondo:
_ Tem não, Felipe.
_ Então?! A Aninha não pegou da sua bolsa!
PERPLEXIDADE!!
Só me resta elogiar a inteligência dele e reforçá-lo:
_ Você é muito inteligente, Felipe! Ele sorri e fica feliz, mas eu continuo perplexa. Porque o episódio põe por terra a teoria de Piaget sobre Desenvolvimento Infantil. De acordo com esse grande pesquisador, o pensamento hipotético dedutivo e o raciocínio lógico só ocorrem na fase do Estágio Operatório Formal, que começa por volta dos 12 anos de idade!!

E agora, José?! Volta Freud. A teoria dos grandes mestres está ficando obsoleta.