Estudar para concurso é coisa surreal. Pode subtrair-nos alegrias nos domingos,  diversões de fim de dia e até mesmo minutos valiosos de bom namoro. Por outro lado, enche-nos o coração de esperança, agiganta nossa confiança no futuro e cura-nos de ansiedades por nos dar a sensação de estarmos fazendo nossa parte para realizar anseios. Sim, porque nunca se tem total controle sobre o futuro. Mesmo trabalhando muito por uma meta, ela pode simplesmente não se cumprir, se tal evento estiver fora dos desÃgnios do Destino, esse Senhor intrometido, mandão na vida alheia.
Estudar querendo passar em concurso público é sacrifico autoimposto, mas ainda assim, sacrifÃcio. Como é chato ver e rever tantas vezes coisas que gostarÃamos de já ter definitivamente aprendido. Mas tudo tem sempre tantos lados, tantas facetas, tantas exceções e nada pode escapar. Daà estar-se sempre voltando a pontos para corrigir algo que escapou. Já escrevi anteriormente sobre as condições necesárias para se obter aprovação em seleção pública no post PARA PASSAR EM CONCURSO PÚBLICO, mas de forma mais didática. No outro post falava a psicóloga. Neste, apenas a concursanda.
Às vezes tenho a impressão de que para passar nessas seleções muito concorridas é preciso neurotizar-se. Mudar de tal forma a própria rotina, entregar-se com tanta dedicação aos livros, cadernos, apostilas e exercÃcios que nos tornamos antissociais, irritáveis (quando nos atrapalham), que acabamos por mudar algo dentro de nós. É como se precisássemos ficar meio adoecidos, fixados, fascinados e até obstinados.
Tenho gastado horas estudando para uma dessas seleções e há uma única vaga. Somos ao todo 34 inscritos e isso significa que preciso me sair  melhor do que os outros 33 concorrentes. Acredito que tenho um forte aliado: esse campeonato de futebol chamado Copa do Mundo. Não podia ter vindo em hora melhor:  como estou indiferente a essa manipulação da mÃdia, nos dias de jogo avanço alguns passos em relação aos meus concorrentes. Sei que tudo isso é absurdo, que eu deveria me ocupar de mim mesma, tratar de estudar e esquecer os demais concorrentes, mas e o que fazer com a minha natureza humana? Negá-la. Não dá. Tenho estudado sim, mas também torço para que os outros não façam o mesmo ou, se o fizerem, que o façam com menos afinco do que eu.
Mas não me iludo, e se algum concorrente me lê, não tema: estou consciente de que tenho estudado muito aquém do necessário. Já passei num desses concursos e me lembro bem do esforço aplicado. Em 1986 eu e uma amiga nos inscrevemos em um concurso que oferecia apenas duas vagas. Ela era boa em Matemática e eu, em Português. Resolvemos compensar nossas deficiências e todos os dias estudávamos 8 horas por dia. Eu estava namorando, ela não. À noite ela aumentava a carga horária de estudos dela enquanto eu ia me entregar à lascÃvia juveenil. Resultado: ela passou em primeiro lugar. E eu? Também fui aprovada, mas  em segundo lugar. Ficamos com as duas vagas! Foi uma felicidade indescritÃvel! Nossa autoestima foi à s alturas. Ela, a Selma, assumiu a função e está trabalhando no órgão até hoje. Eu havia passado também em outro concurso e dispensei esse. Anos depois pedi demissão do emprego que assumi (era no Ministério da Justiça, técnica administrativa, ganhava tão mal que passava fome!). Além disso, minha natureza inquieta e minha sede por conhecimentos me instigou a alçar outros voos. Me esborrachei em alguns paredões, em certos voos, mas valeu a pena ter seguido em frente.
O importante é que desde essa época aprendi o que é estudar para passar em um concurso com poucas vagas. Infelizmente não estou em rotina semelhante, não tenho uma parceira de estudos e estou consciente de minhas poucas chances. Mesmo assim, desistir sem fazer o possÃvel seria preguiça. Se é verdade que de grão em grão a galinha enche o papo, preciso descobrir se, de concurso em concurso soma-se a bagagem necessária para a aprovação. Acredito que o provérbio popular não se aplica a esse caso, mas preciso ver isso na prática. Você que me lê, pode torcer por mim? Não sei se isso ajuda, mas atrapalhar,  não atrapalha.
Olá, escrevi no Google preciso pasar em concurso público e aà dentre tantas opçoes de paginas sobre esse assunto cai no seu Blog,gostei do seu texto, bem lógico e inspirador !!
Estou na batalha já há alguns anos, mas o quê me falta é justamente a determinação para os estudos, todo concurso é igual faço a inscrição e compro livros e apostilas, falo desta vez vou me aplicar, mas acontece que vivo fugindo dos estudos, ivento todo quanto é tipo de coisa para fazer, para me “auto desculpar” para não estudar…trabalho numa Multi-Nacional, numa função frustrante e Desgastante e outro dia saindo para almoçar comecei a pensar com os meus botões se no fundo essa minha fuga dos estudos não seria na verdade por um medo incosciente da derrota ?! Ou seria preguiça mesmo, falta de força interior ?! Ai meu Deus preciso mudar, mas como meu Deus ?
Olha sei que isso não é uma sessão de análise, este espaço é apenas para um simples comentário e já estou aqui desabafando…
Em fim, me perdoe, quero desejar-lhe na verdade Boa Sorte, pelo que vi você é merecedora, se dedica e eestou aqui emanando sinceramente votos de Boa Sorte, que você atinja realmente todos os seus objetivoa !!
Um abraço.
Ah ! vou entra outras vezes no seu Blog rsrsrs.
Tchau.
Vanuza.
Cara Vanuza, perdoe-me a demora em lhe responder. Vou tentar lhe ajudar lançando um questionamento: talvez sua falta de motivação seja causada pela falta de alguém para lançar sua vaca no precipício. Explico melhor essa ideia com uma analogia, contida no conto O Monge e a Vaquinha: “Um velho monge e seu discípulo costumavam visitar as pessoas que moravam em vilarejos distantes da cidade. Num dos seus passeios, já estava anoitecendo e eles ainda estavam no meio de uma estrada, distantes do vilarejo para onde se dirigiam. Avistaram um sítio, aproximaram-se e pediram pousada durante aquela noite.
O sítio era muito simples. Ali, viviam um casal de aparência humilde e seus três filhos, pequenos, raquíticos. A pobreza do lugar era visível e, mesmo assim, eles acolheram, de bom grado, a dupla de viajantes.
Durante o jantar, onde fora servido mingau de leite com farinha, o mestre indagou:
” – Neste lugar não há sinais de comércio ou de algum trabalho. Também não vimos nenhuma plantação. Como vocês sobrevivem aqui?”
O dono da casa respondeu:
“- Meu amigo, nós temos uma milagrosa vaquinha, que nos dá vários litros de leite todos os dias. Uma parte desse leite nós vendemos ou trocamos na cidade, por outros alimentos ou coisas que necessitamos. Outra parte fazemos queijo , coalhada, pirão e, assim, vamos sobrevivendo. Não sabemos plantar, também acho que essa terra não dá nada e tudo aqui é muito difícil. Ai de nós se perdemos a nossa vaquinha!”
De madrugada, os dois receberam um copo de leite quente. Em seguida, agradeceram a hospitalidade e foram embora. Assim que sairam do sítio, o mestre ordenou ao discípulo que ele pegasse a vaca e a atirasse num precipício. O jovem, surpreso, não só se chateou como ficou revoltado com a atitude desumana do seu mestre:
” -Como podemos destruir a única fonte de sobrevivência dessa família?”.
Relutou um pouco, mas limitou-se a cumprir a ordem do mestre.
Alguns anos depois, o jovem , retornando sozinho àquela região, resolveu se dirigir ao sítio daquela família que lhes hospedara. Chegando lá, qual não foi o seu espanto quando verificou que o local havia mudado muito. O casal que vinha em sua direção era o mesmo, mas estava feliz. As crianças cresceram e, agora, já quase adolescentes, estavam bonitas, bem nutridas. Tudo havia passado e para melhor: horta, frutas, galinhas, animais diversos passeavam pelo sítio. O jovem, não acreditando no que via e ainda se sentindo culpado, questionou:
“- Como é possível vocês terem progredido tanto?!”
Ao que o casal respondeu:
“- Quando vocês estiveram aqui a nossa situação não era das melhores. Tínhamos só uma vaquinha e toda a nossa sobrevivência vinha dela. Logo após a saída de vocês, aconteceu uma tragédia – nossa vaquinha caiu num precipício. Entramos em desespero, mas, daí em diante, tivemos que fazer outras coisas, desenvolver outros meios de sobrevivência. Descobrimos que a nossa terra era fértil e boa para legumes e frutas. Fomos, aos poucos, criando gosto e hoje é essa beleza que o senhor está vendo. Graças à perda da nossa vaquinha.”
Possivelmente seu emprego atual, apesar de não lhe ser estimulante, lhe dê a sensação de segurança e conforto suficientes para justificar suas “fugas” do ato de estudar e se preparar para os concursos. Imagine-se sem casa, sem salário, sem uma atividade laboral diária… você sentiria de modo mais concreto a necessidade de estudar.
Minha sugestão é que você perceba essa manobra da tendência natural do ser humano à inércia e mude suas cognições. Se convença de que só há uma pessoa que pode mudar sua realidade: você mesma. Não espere a vaca cair no precipício, ao contrário, use o leite da vaquinha, isto é, seu salário, para ir dando os passos necessários à aprovação, isto é, pagar cursinho preparatório, comprar apostilas e livros, videoaulas, etc.
Quanto ao seu receio de que essa fuga seja uma autossabotagem, no seu lugar eu não descartaria essa possibilidade, mas descobrir se isso tem fundo de verdade ou não, só será possível em processo terapêutico. Já atendi muita gente que me procurou apenas buscando suporte para aprovação em concurso público. Funciona; porque ajuda no esvaziamento de complexos que desviam energia psíquica; ajuda no autoconhecimento, funciona como controle para cumprimento de metas, etc.
Um passo vc já seu: percebeu que depende de você mudar a atual situação.
Boa sorte.
Abraço,
Carmelita
me motivei, valeu!!!