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Esquizofrenia

Tarso, um substantivo próprio que dá nome a um personagem da novela da Globo Caminho das Índias, está sendo usado como adjetivo. As pessoas, de modo particular os adolescentes, usam-no para dizer que alguém é louco ou que tem surtos. Nem sei se as pessoas sabem ao certo o que são surtos, mas é uma expressão já do senso comum. Fui pesquisar sobre o assunto e encontrei o blog do ator que vive o personagem, o Bruno Gagliasso. Lá, no blog, encontrei um texto explicativo sobre essa psicopatologia, da psiquiatra Patrícia Schmidt. Que, segundo Bruno Galiasso, foi usado na  oficina de atores para selecionar o elenco de apoio, ainda antes da novela começar.

“Nesse pequeno texto tentarei falar sobre esquizofrenia de uma forma bem diferente das usuais explicações científicas. Antes de tudo esquizofrenia é doença e sofrimento. Depois de tudo é um fascinante universo. É hoje encarada não como uma doença única, mas sim como um grupo de patologias. Não escolhe classes sociais e grupos humanos. Só é possível entender o universo das esquizofrenias com muita empatia em relação às emoções e vivências do sujeito em sofrimento psicótico.

Imagine-se com aquela sensação de medo que surge quando paramos no sinal de madrugada, nas ruas do violento e lindo Rio de Janeiro. Agora siga imaginando-se com essa sensação durante todos os minutos do seu dia. Imagine-se com aquela vergonha que sentimos quando somos flagrados, por exemplo, com o dente sujo naquela importante leitura de texto logo após o almoço. Agora siga imaginando-se com essa sensação a todo momento, com a certeza de que as pessoas o observam, podem ver tudo o que você faz e monitoram todos os seus atos. Imagine-se ouvindo alguém chamar o seu nome, olhando em volta e não vendo ninguém como acontece conosco de vez em quando. Siga imaginado que você continuará ouvindo vozes, todo dia, hora e minuto e que você não sabe de onde elas vêm. Agora imagine-se naquele evento chato pensando no quanto você gostaria de estar em casa, debaixo das cobertas e não ali aturando o nada inteligente e piadista sem graça do diretor da sua companhia teatral. Agora imagine acreditar que todos os demais, inclusive seu diretor, podem ler seus pensamentos!

Essas sensações de nosso dia a dia, vividas numa intensidade muito maior, são algumas das sensações experenciadas pelo sujeito que sofre com a doença mental chamada esquizofrenia. A doença se caracteriza classicamente por uma coleção de sintomas, tais como alterações do pensamento, alucinações (auditivas, visuais, olfativas, mais raramente e outras) delírios, perda de contato com a realidade, podendo causar uma quebra radical do laço social. A sua prevalência atinge 1% da população mundial, manifestando-se habitualmente entre os 15 e os 25 anos, nos homens e nas mulheres, podendo igualmente ocorrer na infância ou na meia-idade.

As esquizofrenias têm tratamento e o sujeito pode se recuperar, muito embora cura no sentido estrito da medicina ainda não seja possível. Temos o controle da doença e o tratamento  visa empoderar o sujeito psicótico para que ele possa lidar melhor com seus sintomas. Medicação, psicoterapia, oficinas terapêuticas, projetos de trabalho e geração de renda, música, arte e lazer são alguns dos elementos que se preconiza hoje para o atendimento das pessoas com esquizofrenia. Desde a década de 80, o Brasil realiza a Reforma Psiquiátrica que nega a exclusão determinada pelos hospícios e propõe o tratamento dos doentes mentais na comunidade, através dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Desejamos além de proporcionar um tratamento intensivo e de qualidade, fazer uma intervenção na cultura, para que um dia possamos enfraquecer o ainda forte estigma contra o doente mental.

Como diz um amigo artista e psiquiatra – Lula Vanderlei – parafraseando Caetano Veloso, se de perto ninguém é normal, de perto ninguém também é louco todo dia. O louco pode ficar dentro da aceita normalidade. Pode trabalhar, casar, namorar, dançar, cantar. Muitos loucos são artistas e grandes artistas. Em tratamento, a crise aguda psicótica tende a ser melhor manejada e a remitir mais rapidamente.  Cada caso é um caso, mas todo psicótico é um cidadão e tem os mesmos direitos e deveres de todos nós.

Para finalizar, esquizofrenia é doença mental, sofrimento, esfacelamento, recuperação, encanto e fascínio. Cabe superarmos nossos preconceitos e assim garantir ao louco a chance de mostrar suas potencialidades e ocupar o seu lugar na sociedade.” Patrícia Schmid – Psiquiatra

Esquizofrenia é um tipo de psicose, nome científico da “loucura”. Aprendemos na faculdade uma analogia para diferenciar psicose de neurose. Imagine alguém que sai de casa e quando volta encontra a casa fechada. Esse alguém fica do lado de fora. Agora imagine alguém que sai de casa e quando volta encontra sua casa arrombada e com tudo que estava dentro quebrado. Isso é psicose. Na neurose a pessoa não perde o senso de realidade – sua conexão com o mudo não se quebra. Já na esquizofrenia, esse elo está quebrado e ele vive como se estivesse em outro mundo. Outra bela analogia que aprendi: a neurose é como um vaso trincado. A psicose é como um vaso que caiu, esfacelou-se e o dono tenta montar os pedaços. Pode até conseguir, mas um ou outro pedacinho voou pra longe e não é encontrado ou mesmo que ache todas as partes que se partiram, sempre haverá o vinco da “cola” onde foi remendado. Trabalhei numa clínica para pessoas com transtornos mentais e lá havia um homem de alta estatura, forte e de voz gutural que às vezes entrava no salão gritando: “Eles estão querendo chupar o meu cérrebro!” No mprimeiro contato isso soava como algo assustador. Com o tempo, nos acostumávamos com essa e outras manifestações semelhantes e passávamos a ouvir coisas assim apenas como mais uma das diferentes manifestações do ser humano dentro de suas singularidades. Conviver com os chamados loucos tem algo de mágico. É uma experiência semelhante a um portal que abre nossa mente para outros “mundos”, outras formas de estar no mundo, alternativa diferente de existência. É fascinante, acreditem, mas exige que você esteja muito “centrado”, emocionalmente equilibrado, e que esteja aberto para livrar-se de preconceitos.

28 comentários em “Esquizofrenia”

  1. Descobri da pior maneira possível que minha mãe sofre de esquizofrenia e hoje procuro apoio para mim, meu esposo e minha filha, como melhor cuidar dela.É muito difícil lidar com um esquizofrênico e ao mesmo tempo, acho que nem sabemos como fazer isso! Peço ajuda! Um abraço fraterno!

  2. Obrigada pela atenção! Minhas dúvidas são as seguintes: Como se deve tratar um esquizofrênico? Carinho demais é prejudicial? As medicações são todas dadas na hora certa, mas às vezes minha mãe passa o dia todo dormindo! Ela está sendo acompanhada por uma psiquiátrica em Recife, pois moro em Garanhuns, que é interior! A ajuda que preciso é: Qual meu comportamento para com minha mãe em geral? Um abraço fraterno! Ana Célia.

    1. Bom, Ana Célia, vamos por parte, OK? Um esquizofrênico deve ser acompanhado por um psiquiatra e, se possível, deve fazer também acompanhamento psicoterápico com psicólogos, individualmente ou vinculado a um grupo de pessoas com o mesmo problema. Mas é importante saber se a clínica é séria e se lá tratam bem os pacientes porque existe um grande número de locais onde os esquizofrênicos (vulgarmente chamados de loucos) são muito maltratados. Em algumas cidades ha unidades do governo que oferecem acompanhamento para esse problema. Permita-me a franqueza: esquizofrenia não tem cura, mas se for adequadamente medicada e bem acolhida por familiares a pessoa pode viver muito bem e levar vida normal, como todas as pessoas. A qualidade de vida dos esquizofrênicos depende do bom acolhimento, do respeito e consideraão que recebam. Vc pergunta se carinho demais é prejudicial. Não acho que seja. Afeto verdadeiro nunca é demais, apenas não confunda carinho e amor com permissividade, como fazem aqueles pais destrambelhados que nunca dizem NÃO aos filhos e prejudicam o desenvolvimento das crianças. No caso dos esquizofrênicos, há momentos em que as pessoas que lidam com eles precisam ser bem firmes e ate mesmo cobrar o cumprimento de regras ou da parte que lhes toca no tratamento. Não se pode fazer tudo por eles. Mas sempre respeitando a pessoa. Não é porque uma pessoa tem esquizofrenia que pode fazer tudo ou que deve ser dispensada de obrigações básicas. O ideal é que os familiares sejam orientados por profissionais preparados, mas se isso não for possível, siga sua intuição. A esquizofrenia tem origem nos primeiros anos da infância, é causada por conflitos psicológicos internos muito complexos. A medicaçã não tem horários muito rígidos como os antibióticos, mas é fundamental não pular muitas horas nem deixar de tomar os remédios – todos os dias – da forma como mandou o médico. Se sua mãe estiver dormindo muito, converse sobre isso com o psiquiatra, pode ser que a dosagem de algum dos remédios esteja muito elevada e ela fique “dopada”. Mas vc pode acordá-la para dar o remédio ou dissolver em água para facilitar a ingestão (mas tudo isso combinado com o médico, tá?). E lembre-se de cuidar também de você porque se vc se fragilizar, se estressar com a situação e adoecer de alguma forma, ajudará menos. Lembre-se: ela é sua mãe, vc quer ajud-a-la, cuidar dela, mas vc não pode ir além de suas forças nem perder o foco no seu bem estar, na responsabilidade com a sua própria vida, tá?

      Estou à disposição para o que puder ajudar à distância. Boa sorte e muita serenidade. Um abraço, Carmelita

  3. Obrigada por tirar esse peso das minhas costas, quem estava entrando em pânico era eu! Um abraço fraterno e qualquer dúvida espero entrar em contato contigo! Ana Célia.

  4. Olá, tudo bem?? Parabéns pelo excelente artigo sobre esquizofrenia. Tenho uma irmã que está com os sintomas mais comuns da doença como mania de perseguição e delírios variados, com escuta de vozes etc. O problema é que ela se recusa a procurar um médico, por mais que toda a família tente convencê-la, ela não aceita. Gostaria de saber se seria correto levar um psiquiatra em casa para conversar com ela. O que vc acha??
    Obrigada desde já,
    Sandra.

    1. Ser muito difcil conseguir um psiquiatra que v a sua casa… se encontrar um, no vejo problema, desde que ele tenha tato, que tenha sutileza para lidar com a resistncia dela. Se for um “bruto’ pode piorar os medos dela. Melhor continuar tentando convenc-la a se cuidar, a entender o problema dela, a buscar ajuda para levar vida normal, argumentos assim. Mdico deve prescrever antipsictico que vo controlar os sintomas e ela se sentiria muito melhor, podendo, inclusive, iniciar acompanhamento psicoterpico. Chegar momento em que ela acabar concordando, principalmente se os sintomas piorarem. No fique angustiada… nossa desejo de ajudar esbarra na liberdade do outro de no querer ser ajudado. Abrao, Carmelita

  5. Tenho uma Tia que tem 56 anos ela foi diagnosticada por um psiquiatrico como esquisofrenica, ela já teve varias crises e cada vez vai ficando pior. O problema é que ela se medicou por um tempo e de pois parou, no momento ela passa por uma crise e não aceita de forma alguma tomar remedios ou ir a um medico, a situação está cada vez pior pois ela escuta vozes,fica trancada em casa, já faz dias que não dorme. Gostaria de saber como devemos proceder dar remedios a força ou procurar um lugar para internação. Estamos desesperadso não sabemos o que fazer.

    1. Entendo que para o bem dela seja necessrio amenizar os sintomas com a medicao. Se ela se recusa a tomar os remdios, talvez funcione dissolver o medicamento em algo que ela ir ingerir, como suco ou sopa – mas preciso certificar-se de que no houve alterao no sabor, para ela no perceber. To logo os sintomas estejam reduzidos, algum deve conversar com ela e insistir para que ela volte a tomar os remdios. Penso que intern-la fora poderia ser muito traumtico para todos.

  6. Minha mãe tb tem esquizofrenia, mas é muito difícil pra eu que sou filha,convence-lá de ir ao médico e tomar os remédios, antes de eu saber que ela tinha, ela se afastou de todos os parentes próximos, por causa dos seus delírios, e hoje, não tenho com quem contar, moramos só eu ela e meu irmão, como faço pra ajuda-lá?

  7. Situação difícil, Dani. Mas acho mais funcional você pensar em alguém de mais idade e mais experiência do que você que tenha poder de influência sobre ela; deve haver alguém, tente se lembrar, mesmo que não seja parente. Lamento não poder lhe ajudar.

  8. Olá, Carmelita.
    Parabéns pelo site e pela forma clara de falar sobre a esquizofrenia. Gostaria de uma orientação, como falar sobre esquizofrenia com um paciente esquizofrênico? Como explicar o transtorno para a pessoa que é acometida por ele?
    Grata.
    Cláudia

    1. Oi, Claudia. Obrigada pela apreciao positiva sobre o blog. Voc quer saber como se deve dizer a uma pessoa que ela sofre de esquisofrenia. Acho que depende de *pra quem* voc vai dizer. Se uma pessoa curiosa e controladora, que se sente melhor entendendo o que se passa com ela, do tipo que enfrenta bem a realidade, mesmo se for verdade dolorosa, vale dizer a verdade, se essa for tambm a orientao do mdico. Se a pessoa do tipo estudiosa, curiosa vai desejar entender tudo e se for resistente (forte), deve esperar o quadro se estabilizar, a partir do uso da medicao, e depois, avalie com o psiquiatra dele o quanto essa pessoa deve saber sobre a doena – se for um psiquiatra do tipo que fala com os pacientes. E pea a ele que explique ao paciente sobre a doena. Pessoas muito inteligentes tm um nvel de exigncia muito alto quanto a explicaes e informaes. Depois, com as orientaes do mdico, a prpria pessoa ir pesquisar sobre a doena. Mas se for uma pessoa mais confiante na atuao externa, pouco interessada em aprofundamento das coisas, algum frgil para ouvir verdades duras, deve-se respeitar esse limite e ir muito devagar, a princpio nem usando o nome do transtorno, apenas dizendo tratar-se de uma alterao na sade mental que exige cuidados e medica. E v dosando o acrscimo de informaes conforme o desejo da pessoa de saber mais. Existem as chamadas “verdades temporrias” e algumas pessoas precisam de tempo para que seu inconsciente v preparando o terreno para que ela entre em contato com coisas mais duras. V devagar, respeite sempre o ritmo da pessoa e diga apenas o que for til, necessrio para ela se cuidar e aderir ao tratamento. preciso lembrar que esquizofrenia apenas *um diagnstico*, um termo tcnico que serve para orientar os profissionais de sade. No deve ser usado como causa de estigma. Nem sempre ser necessrio dizer a pessoa que ela esquizofrnica.

      As pessoas que vo lidar com o portador do transtorno e conviver com ele que devem, sim, saber *tudo* sobre esquizofrenia. Entendendo melhor o quadro podem ser mais compreensivas, tolerantes e apoiar melhor. Espero ter ajudado. Abrao, Carmelita

  9. Obrigada pela resposta. Sou psicóloga e trabalho em CAPS há um mês, até então não tinha tido contato com pacientes tão comprometidos. Os atendimentos são em grupo, então realmente é necessário que se tenha muita cautela para falar sobre o transtorno, até porque alguns podem ter força e contato suficiente com a realiadade, mas outros não. Grata mais uma vez. Abraço!

  10. Olá, boa tarde! Me pai é esquisofrênico e minha mãe e minha irmã, tem tido bastante dificuldade no convívio com ele, cada vez mais ele implica com tudo, principalmente com minha irmã, coloca todos os defeitos possíveis nela, perturbando o convívio de maneira absurda…Sou casada e não moro com eles, será que conversando com ele, consigo alguma melhora?

  11. Oi, Lidiane! Esse diagnóstico (de que ele é esquizofrênico) é de quem? de um psiquiatra? Se ele realmente sofre de esquizofrenia, não. Uma ou dez conversas não resolvem. É necessário medicação e acompanhamento sistemático de um psiquiatra. Lamento, mas essa é a realidade. A esquizofrenia é algo muito sério, altera a percepção da pessoa de tal forma que não resolve tentar esclarecê-la. é muito mais complexo. Exige mesmo ajuda médica.Você pode recorrer a toda a sua habilidade em conversar com ele para convencê-lo a consultar-se com um profissional. Afirme que o médico vai prescrever um medicamento para dar a ele qualidade de vida, enfim, use argumentos amorosos, faça chantagem emocional, faça-o ver que sua mãe e irmão têm limites de tolerância, que todos sofrem se ele não está bem, etc. Boa sorte.Qualquer nova dúvida volte a escrever. Abraço,
    Carmelita

  12. Olá, Carmelita.
    Meu nome é Caroline e gostaria de relatar um caso e pedir orientação. Bom, sou estudante de medicina e ja passei pela psiquiatria e sei algumas coisas sobre a Esquizofrenia. Minha questão é sobre conduta. Estou vivenciando um caso de um homem (nao digo paciente porque não é diagnosticado), mas resumindo: ele é uma pessoa que vem mostrando sinais de confusão, delírio e sensação de perseguição (do tipo: passar meses sem trabalhar porque dizia que a esposa estava recebendo o amante dentro de casa, sendo que o mesmo estava la dentro ate quando estava no banheiro ela recebia o suposto amante dentro de casa; situaçoes que vivenciou com o filho e ele contava uma historia diferente, e quando o filho falava que nao tinha acontecido o que ele disse, ele negava e afirmava o ocorrido;e agora ultimamente anda falando que o filho esta tentando mata-lo, por envenenamento, e que ele ja fingiu nao ver varias vezes mas que agora ele irá agir contra o filho). Efim, ele conta as situaçoes com riquezas de detalhes, ele escuta vozes ( que por exemplo estao contando para ele o que o filho esta tentando fazer), e quem o escuta falar ate acredita. Ele tem um agravante: sua familia é apenas a ex-esposa e os dois filhos, e todos eles carregam muita mágoa deste homem por tudo que o mesmo já os fez passar, portanto a ex nao fala com ele, o filho nao pode se aproximar ja que ele disse que o mataria e ele so recebe a filha. Convivendo com essa familia eu levantei a hipótese da doença Esquizofrenia, que esta evoluindo e se tornando pior. Eles nao cogitam a possibilidade de converssar com ele e explicar que pode ser uma doença e orienta-lo a procurar ajuda. Sei que nao adianta tentar falar que pode ser a doença agindo, ja que o esquizofrenico tem a convicção de que o que acontece é real. Entao o que fazer com este paciente? como conduzi-lo? internar a força? mas como se ele nem tem diagnostico? o filho corre risco de vida? Por favor, peço orientaçao para poder ajudar essa familia que ja se disfez e que tende a ruina definitiva. Desde ja obrigado pela atenção e desculpe o enorme texto. Aguardo resposta

  13. É uma situação realmente delicada, Caroline. Pelo seu relato penso que vc está certa:as alucinações, delírios persecutórios e outras reações apontam claramente para quadro de esquizofrenia.Acho que o filho e a ex-mulher correm perigo, sim. Em surto, esquizofrênicos agridem e até matam – às vezes obedecendo aos comandos das “vozes” que só eles ouvem. Obviamente ele precisa de medicação antipsicótica. Como convencê-lo a buscar ajuda é o grande desafio.Em estado semelhante, a maioria das pessoas costuma atender a conselhos de pessoa muito significativas para elas, pessoas que lhes pareçam “sábias” e desejarem verdadeiramente lhes desinteressadamente. Talvez um velho amigo, um vizinho por quem ele tenha grande consideração; qdo vivos, os pais por vezes conseguem convencer tb.A ex-mulher e o filho são as pessoas menos indicadas para recomendar ida aos médicos: ele interpretará como desejo de interná-lo, de se livrarem dele, etc. Outras pessoas devem tentar ajudar. Não se deve falar que ele está com esquizofrenia nem doente, apenas mostrar que ele está em sofrimento e há formas de por fim a isso, que ele deve buscar e aceitar ajuda profissional; que tem gente estudando e se preparando para aajudar as pessoas em situações difícieis, que ele deve pelo menos tentar se ajudar a partir da orientação dos médicos, etc. Penso que a internação forçada só se indica na pior das hipóteses, caso le cometa ato drástico, quando, então, a internação se justifica. Antes disso, o melhor me parece ser tentar convencê-lo a se ajudar. Os argumentos para conseguir isso dependem de cada caso, recorrendo aos valores da pessoa, às crenças, cognições e a aspectos da realidade particular, o que pede muitas conversas com o portador do transtorno, com paciência, acolhimento… até construir um bom vínculo. Em isso se concretizando, havendo um vínculo forte, talvez até o profissional de saúde consiga convencê-lo a buscar ajuda. Mas é importante não descuidar da segurança: a esquizofrenia provoca reações de violência.

    Bom, é sempre desconfortável e difícil opinar sobre casos dos quais não se conhece a fundo, mas espero ter podido lhe ajudar. Qualquer nova dúvida, escreva novamente.
    Abraço,
    Carmeltia

  14. Faltou registrar um aspecto importante, Caroline: a melhor forma de se fazer ouvir por uma pessoa com esse distúrbio é “entrando no mundo imaginário dele”;jamais desprestigiar o discurso dele; nunca duvidar que ele esteja ouvindo ou vendo o que ele afirmar estar vendo ou ouvindo. Ao contrário: se ele diz algo como “tem um homem aqui me avisando que minha mulher quer me matar”, o cuidador deve perguntar algo como “peça a ele para dizer quem ele é; o que ele quer de você?”. A conversa deve seguir de forma que o paciente se sinta acolhido, sua queixa respeitada e seu discurso reconhecido como real. Até porque É REAL; para ele é real. Ao conversar com a “voz” ou o ser invisível aos outros, o próprio paciente vai ampliando percepções e revelando aos cuidadores os reais conteúdos por trás do discurso. Revela medos, associações, complexos, enfim, conteúdos inconscientes. Ao se sentir acolhido, ele confia mais na pessoa e pode aceitar melhor intervenções e conselhos.

    Abraço,
    Carmelita

    1. ja pensei nisso, mas há um porem a familia nao convive com ele, apenas os filhos o visitam de vez em quando e na ultima visita da filha dele ele contou que nao receberia mais o irmao dela porque o mesmo estava tentando o matar. Por isso perguntei qual a conduta com esse tipo de paciente, onde a familia nao tem acesso diário e constante, e nem ele permite maior aproximaçao. Acho que eles sentem medo de que ele corte todos os laços com eles se eles citarem ou suporem que ele pode estar doente.È uma situação muito difícil, e na sei por onde começar a ajuda-los. De qualquer forma obrigado pela atenção, me esclareceu muitas coisas lendo o seu blog, e as experiencias de outras pessoas. Se voçe puder me sugerir outra forma de abordagem eu agradeceria muito.
      Obrigado mais uma vez, abraços.

  15. oi me chamo lindinalva tenho esquizofrenia a 7anos estou me cuidado ja tive 4 internaçoes , so agora .tenho o diagnostico certo mas tenho medo de ter recaida faz 5 ano nao fui mas internada pois 3 em 3 meses passo no psiquiatra , sempre o mesmo medicamento , mas ate aqui esta tudo bem so que nao me lembro de nada eu as veses tenhosentimento de culpa , porque eu dei muito trabalho,fui sempre uma pessoa normal surtei aos 35 anos quando fui ver estava em uma clinica psiquiatrica, hj tenho conciencia dessa doença e triste todas as pesssoas que vc ama se afasta por nao saber o que foi omo um vendaval em minha vida , passou e levou tudo fiquei toda torta , mas quando pensei que estava tudo bem surtei de novo

    1. Sempre há tempo para recomeçar os tratamentos de novo.O imporante é voce reconhecer a necessidade dos tratamentos sempre que for necessário e lembre -se ,Deus nosso pai te ama e está cuidando de voce em todos os momentos de sua vida e que voce tambeém esteja com ele .muitas felicidades pra voce

  16. Oi Carmelita td bem?
    Li seu artigo e achei muito interessante.
    Estou vivendo uma situação complicada em casa. Meu irmão teve um surto esta semana e toda minha família está em pânico, não sabemos direito o que é, mais de acordo com a psiquiatra que atendeu ele foram sintomas de esquizofrenia. Não sabemos como lidar com isso, nunca passamos por situação parecida, e não tenho casos na família de esquizofrenia. Queria saber como eu posso ajudar ele, e ajudar também minha mãe , meu pai e meu outro irmão. Estamos todos sofrendo muito, sem saber o que fazer , que medidas tomar para que ele melhore. Ele tem apenas 16 anos, estamos apavorados em relação à vida que ele vai levar se isso realmente for esquizofrenia, estou a 4 dias sem dormir direito. Dês de ja agradeço à atenção. Obrigada e fique com Deus.

  17. Tayame, seu irmão precisa ter acompanhamento sistemático de um psiquiatra; ele precisar de medicação e será bom que um profissional o acompanhe para ficar de olhos nas possíveis reações adversas e necessidade de ajuste na medicação (troca de remédio ou aumento de dosagem). Se puderem, seria bom que ele fizesse tb acompanhamento psicoterápico. E não se preocupe, ele pode viver bem apesar desse surto… que inclusive pode ser o único; os sintomas de esquizofrenia podem até desaparecerem, dependendo do caso. Caso contrário, há medicamentos modernos atualmente, que não causam tantas reações indesejáveis. Importante é estar com bom acompanhamento médico. Não sei na sua cidade, mas aqui em Brasília, muitos dos melhores profissionais de saúde mental estão na rede pública… espero que seja assim tb por aí. O fato vai abalar um pouco a dinâmica familiar, mas aos poucos tudo vai se ajeitando, qdo passar o susto da surpresa. Tranquilizados, vcs saberão como lidar melhor com o problema.

    Desejo a vc e sua família boa sorte. Abraço

  18. Olá, Carmelita!
    Meu marido teve um surto e foi, na emergência de um hospital psquiátrico, diagnosticado com esquizofrenia. Então, ele começou o tratamento e o médico disse que o diagnóstico é de delírio persecutório e que ele vai ficar bom. Mas esse não é um sintoma de esquizofrenia? Sofro e penso em deixá-lo. Não estou mais conseguindo lidar com a doença. Ele não trabalha mais, dorme quase o dia todo. Nós não temos mais um relação de marido e mulher. Me tornei sua cuidadora. Acho inclusive que ele não me enxerga como mulher. Mas ao mesmo tempo me sinto culpada pq ele se recusa a voltar pra casa dos pais em caso de separação (ele acredita que sua vida está ameaçada lá) e diz que vai morar na rua. Penso que se deixá-lo aí então é que ele vai piorar e carrego essa obrigação. No fundo nutro a esperança de que ele possa voltar a ter uma vida normal com o decorrer do tratamento, mas estou ficando sem forças pra continuar ao lado dele. Sinto que estou abrindo mão da minha vida. Nunca poderemos ter um filho. Pode ser uma atitute egoísta, mas as vezes quero deixar tudo e recomeçar minha vida.

  19. Boa noite, tenho um irmao doente com esquizofrenia,ele trabalhava e consegui sua apasetadoria.portanto ganha se salario e e independenta.Cuidou de minha mae durante uns dez anos, lidando e administrando as empragadas para cuidar de minha mae, claro que do jeito dele, com as manias e regras.Certo dia resolveu mudar para outra cidade com minha mae e as empregadas, como ninguem queria contrariar e ele cuidava bem de minha mae, todos os filhos concodaram.Depois que mudou minha mae veii a falecer um ano depois.hoje ja se passaram um ano e ele continua na casa morando sozinha longe de todos da familia.passo toda semana em sua casa.Agora ele esta quendo se mudar pra muito longe,nao sei o que fazer,acho que nao esta medicado,nao tenho mais contato com seu medico.pois ele mudou de medico.O que posso fazer para ele nao ir pra longe.ele nao que voltar para nossa cidade.

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